terça-feira, 28 de outubro de 2014

O mundo virou um lugar tão pervertido, que oferecer um abraço pode ser um ato perigoso. Quanto mais cedo enfiarmos nossas crianças numa instituição, e quanto mais tarde a tirarmos de lá, melhor será, para que não incorramos no risco de um mau adestramento. Não importa o que aconteça dentro das paredes desses coraçõezinhos, importa que saiam iguais a nós, completos imbecis, tão vazios quanto a nossa última garrafa de Whisky, tão vazios quanto a soma de todas nossas realizações. Ah, caro Salinger, qual outra saída haveria para um coração tão belo quanto o do nosso Seymour Glass?
Dizem que temos que ser fortes, muito fortes, mas isso é puro discurso, pois somos tão frágeis quanto uma bolha se sabão levitando nesse ar. Pensando serem eternos, as pessoas agem como verdadeiros carros desgovernados, jogando vidas, milhares de vidas, cheias de sentimentos, repletas de sonhos, à beira da estrada, num profundo precipício, escuro precipício. Pode ser que em sua ironia Kafka estivesse certo: “Nosso mundo é apenas um mau humor de Deus, um dos seus maus dias.”.
Vou escancarar as janelas do meu quarto, esperando que o Sol a alcance, vai que é verdade e ainda temos chances...

Marcelo Rocha

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